terça-feira, dezembro 19, 2006

Presépio/Árvore de Natal



Votos de um FELIZ E SANTO NATAL, a todos quanto neste ano me visitaram, e assim fizeram com que este cantinho continue a mostrar o que de bom à para ver na linda vila de Terena.

domingo, dezembro 10, 2006

Fonte

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Investigações no Santuário de Endovélico - ano de 2002 - 3ªParte

2.2.1. Classificação do material

Para a apresentação dos resultados da prospecção optou-se pela indicação das quantidades de materiais recolhidos, classificando-os conforme se pode ver na tabela. Não se estabeleceu nenhum critério de limitação de tamanho ou estado de conservação para a recolha dos fragmentos, nem se excluíram os materiais de aparência mais recente ou claramente modernos, ou seja, guardou e contou-se tudo. Mas, justamente por esta razão, os números relativos a materiais de construção são mais fiáveis para aferir as presenças de época romana, do que os relativos ao das outras cerâmicas, que apresentam valores ligeiramente inflacionados pela contabilidade de fragmentos não-romanos.

Distinguiram-se dois grandes grupos de materiais:
1. Cerâmica de construção,
2. Outras cerâmicas.

O primeiro grupo, por sua vez, foi subdividido em: tegulae, imbrices, tijolos e indefinidos.
O segundo grupo, outras cerâmicas, foi subdividido em ânforas, pela particular expressão que esta categoria de material apresentava, e outros vasos; naturalmente, sendo considerada também a natureza do fragmento (asas, bordos, fundos e indiferenciados). Todas as cerâmicas inequivocamente modernas, designadamente fragmentos vidrados, foram contabilizadas na categoria dos indiferenciados, independentemente de se tratar de um fragmento de bordo, asa ou fundo.
Os totais de fragmentos encontrados em cada área são suficientemente expressivos. Quando comparados, claramente se observa, que a zona mais rica em material é a B com quase 6000 fragmentos (5986), todas as categorias incluídas, seguida da zona A com 3546 fragmentos. As áreas C com apenas 10 fragmentos e a D, apesar de apresentar maiores quantidades (129), podem considerar-se insignificantes. É evidente que estes números, por se tratar de achados de superfície, não podem servir para mais do que uma primeira ideia sobre o potencial arqueológico da encosta. No entanto, durante a prospecção, tivemos o cuidado de manter sempre a mesma atitude, para eliminar factores arbitrários.

2.2.2. Uma primeira interpretação dos números

O destaque do número total de fragmentos recolhidos na zona B é facilmente explicável.
Na realidade, deve-se a dois factores externos, isto é, estranhos à realidade contextual antiga. São eles, primeiro, o tamanho da superfície prospectada, que abrange mais do dobro da zona A, e, segundo (cumulativa com a anterior), a circunstância de se tratar de uma zona mais baixa ou mesmo de sopé, onde naturalmente se junta todo o material transportado pelos agentes naturais de erosão. Tendo em conta estes factores, parece lícito concluir que a relação de superfície/material, isto é, de fragmento por metro quadrado, é praticamente idêntica nas duas zonas, se não mesmo maior na área superior. De facto, abrangendo um terreno com aproximadamente o dobro da área da zona A, recolheram-se na prospecção de B menos fragmentos de cerâmica do que seria de esperar, atendendo somente à dimensão das zonas investigadas e à expectativa de uma distribuição análoga de vestígios.

Voltando aos totais de fragmentos recolhidos, podemos realçar duas observações. Primeiro, que em todos os transectos, o número de fragmentos de cerâmica de construção ultrapassa de longe o número de fragmentos de recipientes. Segundo, que existe uma interessante relação entre os fragmentos procedentes da área A, porque, à excepção de A1 e A2, o número de fragmentos de cerâmica que corresponde a formas de uso comum fica sempre um pouco abaixo da metade do número de fragmentos de cerâmica de construção. A primeira observação parece facilmente explicável. É natural que se encontre no terreno um maior número de fragmentos de tijolos, tegulae e imbrices, porque a abundância desse material é uma característica de todos os sítios romanos.

Já a segunda observação, que documenta uma relação relativamente constante entre os dois grupos cerâmicos, parece demonstrar que a dispersão dos materiais, tanto de um, como do outro grupo, se produziu de modo análogo. Para isto podem ter contribuído factores externos e posteriores à época romana. Tratar-se-á, por um lado, de factores orográficos, como a inclinação do terreno, que é homogénea, somente interrompida pelos socalcos visíveis na superfície, e, por outro, da acção dos trabalhos agrícolas, por exemplo as lavras, que dispersam os vestígios arqueológicos. A razão, pela qual os materiais procedentes dos corredores A1 e A2 fugiram a essa “regra”, deve residir, por certo, na configuração da encosta da crista, bastante íngreme nessa área, contribuindo para um mais fácil arrastamento dos fragmentos mais leves, por acção dos agentes naturais de erosão. Já os números de fragmentos procedentes da área B não revelam essa relação constante entre os dois grandes grupos cerâmicos. O número de fragmentos de cerâmica de construção é sempre bastante superior ao número de fragmentos de recipientes, chegando a ser 10, 20, 30 ou mais vezes superior. Na zona B acharam-se muito menos fragmentos de vasos que na zona A. Não se vislumbra uma explicação externa para esta ocorrência. É certo que o terreno se apresenta mais aplanado, mas isso não tem, a priori, nenhuma consequência sobre a quantidade de achados à superfície.

A utilização agrícola é a mesma. Assim, tudo indica que o facto tem valor enquanto tal e assim deverá ser interpretado, parecendo óbvia a conclusão de que haveria menor utilização de recipientes cerâmicos na área B do que na A. Observando os totais de fragmentos na zona B, nota-se que os números mais elevados se encontram nas áreas centrais. Os achados acumulam-se, de noroeste para sudeste, entre os transectos 25 a 19, e o 1 e o 14. Em regra, a quantidade recolhida nessa zona oscila entre os 200 a 400/450 fragmentos por transecto. Já nos extremos oriental (15 a 18) e ocidental (26 e 27), da zona B, os números baixam bastante, pelo que a conclusão resulta evidente: a prospecção abarcou, de facto, toda a área de interesse arqueológico incluindo o centro do complexo, sendo estas extremidades áreas periféricas de escasso ou nulo interesse.



in "Revista Portuguesa de Arqueologia, Vol. 6, nº 2/2003"